Disputas Historiográficas acerca do Nazismo e do Holocausto

Karl Schurster, Alana de Moraes

Resumo: Este artigo tem como objetivo central discutir as batalhas historiográficas que se formaram em torno do fenômeno nazista. A escrita da História da Shoah por muito foi secundarizada em prol da escrita do Nacional-socialismo; em seguida, a discussão esteve presa a esta e, por fim, chegou à independência, conquistando um lugar próprio na historiografia. Consideramos que toda a historiografia acerca do Nacional-socialismo – as discussões advindas da Escola de Frankfurt, a abordagem da Escola de Bielefeld, o debate entre intencionalistas e funcionalistas e seus desdobramentos em algumas frentes na querela dos historiadores, o revisionismo, a partir do debate realizado entre Hayden White e Carlo Ginzburg e as discussões historiográficas situadas no pós-Guerra Fria – é o que possibilita o atual estágio de desenvolvimento das pesquisas acerca da shoah. A historiografia que tem se debruçado sobre a análise da querela dos historiadores alemães aponta para a característica de que o debate não fez avançar os estudos do regime nazista em termos de conhecimento real, fazendo-se preciso atentar ao fato de que o interesse em acontecimentos cronológicos ou na história alemã não era o objetivo, ao menos para uma parte dos historiadores, da produção que se desenvolvia. Antes disso, uma forte contribuição no sentido historiográfico pode ser notada no que concerne à relação do historiador com as suas, como queria Michel de Certeau, condições de produção. O posicionamento quanto ao contexto, à narrativa, aos limites da escrita histórica e à responsabilidade social do historiador são, indubitavelmente, avanços proporcionados pela historiografia do Nacional-socialismo.

Palavras-chave: Nazismo. Holocausto. Historiografia